Não Falar o Nome

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Não Falar o Nome – Aprenda Torah

A Proibição de Falar o Nome – Uma Visão Geral de Fontes Selecionadas

Ultimamente eu tenho visto a renovação do debate em relação ao uso do nome de Deus.  O assunto à mão não é sobre a pronúncia correta, mas sobre o assunto base de usar o nome em geral.

Tem-se tornado um clamor comum que os sábios Judaicos, ou rabis, são aqueles que decretaram uma proibição sobre falar o nome de Deus. Contudo, um exame das fontes leva a uma conclusão completamente diferente.

Fontes Antigas Não-Rabínicas

O entendimento comum entre muitos é que os Fariseus e os rabinos são os originadores da proibição de falar o nome. É importante entender o desenvolvimento histórico desta prática para verdadeiramente entender o que realmente aconteceu. Infelizmente a ideologia tem afetado a pesquisa feita por muitos homens leigos, o que tem criado resultados tendenciosos e assunções incorretas. É também problemático perceber rabinos como um grupo, o que tem também afetado como ambos, Judeus ortodoxos e não-Judeus têm entendido esse assunto. 

Parece muito claro que  o nome era usado em votos e na vida cotidiana. Cartas descobertas em Lachish e Arad demonstram que as pessoas diziam o nome para escreverem, mesmo na vida regular do dia-a-dia (Ver Tor Sinai sobre Lachish e Aharoni sobre as catas de Arad). Contudo, durante a era Persa alguma coisa aconteceu. Como S. Japhet tem demonstrado em seu livro  sobre Crônicas, existe uma mudança no uso do nome. Versos paralelos de Samuel e Reis aparecem em Crônicas substituindo o nome por Elohim (Japhet S., A Ideologia do Livro de Crônicas e Seu Lugar no Pensamento Bíblico, Jerusalém, 1995, PP. 33-39)

Mais tarde, com o tempo, os Manuscritos do Mar Morto tenderam a remover em manuscritos não-bíblicos com quatro pontos. Nós também encontramos no Manuscrito de Damasco (CDa 15:1-10) uma proibição de usar o nome ou qualquer referência a Deus em votos. 

“[Ele não vai ju]rar pelo Alef e o Lamed (‘El=Deus) nem pelo Alef e o Dalet  (‘Adonai = O Senhor)”.

(CDa Col. XV, Martinez F.G., Os Manuscritos do Mar Morto Traduzidos, Leiden-New York-Cologne, 1992, p. 39)

Fontes Rabínicas

As fontes acima são não-rabínicas, e mesmo pré-datam qualquer noção rabínica ou farisaica. A prática de não usar o nome data ao longe, dentro história do segundo Templo e começou muito cedo. O ato foi tão amplamente espalhado que foi aceito por muitos, independentemente de quem eles eram. Mais tarde, com o tempo, nós também encontramos Abba Shaul proibindo o uso do nome (Mishnah Sanhedrin 10:1). Usualmente esta afirmação é usada para argumentar que é proibido falar o nome, que era uma prática comum. Contudo, por outro lado, alguém pode argumentar que a afirmação está em conjunção com a proibição de magia, como afirmado: 

Todo Israel tem uma porção no mundo vindouro, pois está dito: “O teu povo, todos eles justos, vão possuir a terra para sempre; Eles são o renovo que Eu plantei, a obra de Minhas mãos, em quem Eu me glorio” (Isaías 60:21). E estes são os que não têm porção no mundo vindouro: Aquele que mantém que ressurreição não é uma doutrina bíblica, que a Torah não foi divinamente revelada e um epicuro. Rabi Akiva diz: “Mesmo um que lê livros não-canônicos e um que sussurra [um encantamento] sobre uma ferida e diz: “Eu não vou trazer sobre vocês nenhuma das doenças que Eu trouxe sobre os egípcios: pois Eu sou o Senhor, o seu curador” (Êxodo 15:26). Abba Shaul diz: “Também alguém que pronuncia o nome divino como Ele é soletrado.”

Harari demonstra que o nome de Deus era usado em taças de magia da Babilônia, o que se encaixa  em nossa discussão geral (Harari Y, Magia Judaica Antiga, Jerusalém,  pp. 213-214). Alguém então pode perguntar: Poderia ser que as fontes rabínicas estão na verdade atacando a prática de magia e não adotando a proibição de dizer o nome? Contudo, com o tempo, a proibição se tornou tão comum que todo mundo entendia que era sobre não dizer o nome e não sobre magia. 

Quando examinando esta matéria, Schiffman tem demonstrado que em votos usados por Judeus rabínicos era esperado o uso do nome (Schiffman L.H., Lei, Costume e Messianismo nos Manuscritos do Mar Morto, Jerusalém, 1993, p. 226). Esta prática claramente fica em oposição à prática mencionada no Manuscrito de Damasco. Schiffman encontra evidência nas seguintes fontes:

(Números 5:21) “Então o Cohen (sacerdote) vai adjurar a mulher com o juramento da maldição.” Qual o intento disso? Porque está escrito (Levítico 5:1) “e ele ouve uma voz de maldição”, isso me diz apenas de uma maldição. De onde eu derivo que um juramento é como uma maldição? É derivado indutivamente, ou seja: Está escrito aqui (Números) “maldição” e está escrito em outro lugar (Levítico) “maldição.” Assim como aqui “juramento” é igualado a “maldição” (ou seja, “o juramento da maldição”), então, lá, “juramento” é igualado a “maldição”. E assim como aqui (o juramento é administrado) com “yod-heh” (ou seja, como citado anteriormente, “Possa o Senhor [yod-heh-vav-heh] tornar você, etc”) assim, todos os juramentos na Torah (são administrados com) “yod-heh”. (Sifr, Horovitz H.S, Jerusalém, 1992, p. 19).

“O juramento do Senhor (Yod-Heh) vai estar entre ambos eles”: pelo Yod-Heh. Daqui você deriva o mesmo para todos os “juramentos” na Torah. Desde que todos os “juramentos na Torah são não qualificados (quanto à fórmula do juramento), e a Torah qualificou um juramento em uma instância como sendo “Yod-Heh”, assim todos os juramentos na Torah devem ser pelo “Yod-Heh”.

(Mekhilta DeRabbi Yshma’el, Horovirts and Rabin, Jerusalem 1998, p.303).

Abaye disse:Isto não é difícil. Esta baraita é a opinião de Rabbi Hanina bar Idi, e aquela mishna é a opinião dos Rabbis, como é ensinado na baraita que Rabbi Hanina bar Idi diz: Desde que a Torah diz em alguns casos: Tome um juramento; e, em alguns casos: Não tome um juramento; e está dito em alguns casos: Amaldiçoe; e em alguns casos: Não amaldiçoe; assim como quando a Torah diz: Tome um juramento; é em nome de Deus, assim, também, quando a Torah afirma: Não tome um juramento; é em nome de Deus. E assim como quando a Torah afirma: Amaldiçoe; é em nome de Deus, assim, também, quando a Torah diz: Não amaldiçoe; é em nome de Deus.”

(Babylonina Talmud, Shvuot 35b).

Schiffman até mesmo encontra a Mishnah em Berakhot 9:5:

“Eles também decretaram que uma pessoa deveria cumprimentar seu companheiro no nome de Deus, como está dito: “E veja, Boaz vinha de Bethlehem e disse aos segadores, ‘Possa o Senhor ser com vocês’. E eles responderam a ele, “Possa o Senhor abençoar você’(Rute 2:4). E também está dito, “O Senhor é com você, guerreiro valoroso” (Juízes 6:12). E também está dito, “E não despreze sua mãe quando ela ficar velha” (Provérbios 23:22). E também está dito, “É tempo de agir em favor do Senhor, pois eles têm violado o Teu ensinamento” (Salmos 119:126). Rabbi Natan diz: [isto quer dizer] “Eles têm violado o Teu ensinamento. É tempo de agir em favor do Senhor.”

O entendimento é que essa afirmação não é sobre o tempo de Boaz, mas ao invés disso sobre o tempo que esta Mishnah foi composta. A afirmação final “eles têm violado o Teu ensinamento (literalmente, “Torah”)” indica uma objeção à ideia de não fazer votos no nome. Assim, a regra de usar o nome em votos como a Torah comanda em muitos lugares é mantida por fontes rabínicas em oposição à prática não-rabínica mencionada no Manuscrito de Damasco.

Fontes Medievais 

Provavelmente a fonte mais importante que nós temos sobre essa matéria é o rabbi do século 12, Moshe filho de Maimon, que abertamente afirma:

“O nome de Deus era pronunciado como escrito; ou seja, o nome do qual o proferimento  está de acordo com as letras Yod, Heh, Vav, Heh. Este é o Nome Inefável (literalmente, o Nome Próprio), onde quer que ele seja referido. Fora do Templo a pronúncia usual é usada, como se fosse escrito Alef, Dalet, Nun, Yod- Adonai.; pois o Nome Próprio de Deus como escrito não é pronunciado em nenhum lugar senão o Templo. Após a morte de Simon, o Justo, os sacerdotes cessaram de proferir o  Nome Próprio de Deus na Bênção, mesmo no Templo, de modo que uma pessoa indigna ou inadequada não o aprenda. Os antigos professores não ensinaram esse nome  aos seus discípulos ou filhos, mesmo quando eles eram dignos, exceto uma vez a cada sete anos – tudo isso por respeito ao Honrado e Reverenciado Nome de Deus.”

(Mishneh Torah, Oração e a Bênção Sacerdotal, 14:10).

O Rambam afirma dois pontos importantes. O primeiro é que o nome era permitido no Templo até o Segundo Templo. O segundo ponto é que o nome foi parado durante a era Hasmoneana. Embora ele se baseie no Talmud, esta descrição adiciona à nossa informação de uma proibição pré-rabínica sobre falar o nome. 

Contudo, como afirmado na referência acima à Mishnah em Sanhedrin, o contexto é provavelmente em relação a magia e uso diário na oração. 

Outra fonte que é primordial à propagação dessa prática é o Aleppo codex e o Leningrad codex. Ambos os textos evitam (a maior parte do tempo) colocar todas as vogais no tetragrammaton e em casos onde é adjacente ao nome אדני substituindo as vogais com as vogais de Elohim  אֲדֹנָי יְהוִה. Isto demonstra que Karaitas estavam também praticando não dizer o nome neste estágio. 

Conclusão

O material geral encontrado desde o Segundo Templo e fontes rabínicas indica que a proibição sobre o nome não foi um decreto rabínico. Parece mais provável que o nome não era usado devido a um costume que se desenvolveu na Judeia pelos diferentes grupos que viveram na era Persa. Tornou-se uma prática generalizada por volta do segundo século, se tornando uma parte importante em diferentes círculos Judaicos. Em um ponto se tornou tão comum que escrever o nome era proibido a menos que fosse em um Texto Bíblico. Nenhum grupo isolado pode ser o perpetrador dessa ação, e parece mais provável que era feito por quase todo mundo. Assim, alguém deve dizer que a proibição sobre falar o nome foi aceita por todos os grupos durante o Segundo Templo e não tem nada a ver com Rabbis que apenas apareceram no primeiro século da era comum. 

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